SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

VAIDADES PESSOAIS




Sexta-feira, 25/06/93

Vaidades pessoais

BIA BOTANA

Nada como as festas juninas para ajudar o processo de detonação do PAI, assim chamado o Programa de Ação Imediata elaborado pelo ministro Fernando Henrique Cardoso. O certo é que o Plano Verdade não decolou e não vai decolar. Está sim recebendo bombardeios por todos os lados, são talvez os fogos de São João. A falta de transparência e as atitudes contraditórias do governo têm colaborado para que a deliberação da detonação do plano comece a ocorrer com eficaz rapidez e com isso perdemos todos nós, pois os princípios que dimensionam o Plano Verdade estão corretíssimos, se vierem a ser bem aplicados em curto espaço de tempo. Vejamos na real, o que significam US$ 6 bilhões em relação a US$ 234 bilhões? Muito pouco, na verdade, então por que estaria ocorrendo tanta mobilização da classe política para negociar os cortes no Orçamento? Não pretende o governo atender na lista de prioridades as prioridades mais urgentes? O que vem ocorrendo é uma chantagem vergonhosa que permeia a distribuição de cargos a futuros cabos eleitorais em troca do apoio ao governo, e é a isso, um jogo de cartas marcadas, que os nossos políticos chamam de democracia!

Talvez a melhor coisa que poderia acontecer para o Brasil, e para a sua saúde econômica, seria que o povo exigisse eleições já, ou que o presidente Itamar Franco tivesse a coragem de tomar a iniciativa e convocá-las de modo a dar uma parada nessa politicagem das composições partidárias e em outros vícios políticos que vêm comprometendo o exercício democrático brasileiro. Se tal medida ocorresse, não haveria tempo para arrecadações de verbas, tanto dos cofres públicos como dos particulares, para as campanhas eleitorais. As malas pretas dos lobistas não teriam tempo de corromper durante a revisão constitucional, por exemplo. O Brasil faria uma grandiosa economia, além das contas da União se equilibrarem magicamente, pois o povo não teria de pagar um preço tão alto para ter um governo democrático; teríamos a certeza da eleição de políticos competentes, já que só os bons políticos teriam capacidade para se eleger, em razão do pleno atendimento que deram ao seu eleitorado durante o exercício do seu mandato. A antecipação das eleições de 1994, portanto, seria uma medida salutar para dar início ao fim da comrpção.

O fato é que as campanhas eleitorais brasileiras se tornaram extremamente dispendiosas. O custo de um voto no Brasil atingiu a cifra louca de US$ 20, enquanto nos EUA é de US$ 7 e na França é de US$ 5. A única razão possível para um custo tão caro do voto talvez esteja na questão de as reservas destinadas às campanhas também servirem para financiar não só a boa vida dos candidatos, a exemplo do ocorrido com o ex-presidente Collor, como para influenciar decisões políticas futuras no Congresso e em outros setores do governo.

Pobre ministro Fernando Henrique Cardoso, seu plano não tem e não terá a menor possibilidade de funcionar nos termos democráticos propostos, do momento que o seu nome foi vinculado como candidato à presidência da República. A razão é óbvia, não precisa ser nenhum psicanalista para saber que o ciúme político dos seus companheiros de lida será, e já é, o único motivo que impedirá e se oporá ao seu sucesso.

É mehor nos prepararmos para tempos mais difíceis ainda do que vivemos no presente. Foi acesa a fogueira das vaidades pessoais, e essa fogueira poderá incendiar todo o País se o seu ardor não for imeàiatamente restringido. Será bom lembrar que nestes últimos nove anos, ou quem sabe desde o princípio da abertura política no governo Geisel, a classe politica e o Estado nunca foram considerados culpados da ação inflacionária, esta sempre delegada a uma população tachada de especuladora e impatriótica. Como diz o dito popular: "Pimenta nos olhos dos outros não arde." Só por ter tido o peito de dizer as coisas como realmente são o ministro Cardoso já passou para a história, mas poderia ter destaque nela se detonasse seus detonadores, dando um basta à roubalheira política que enlameia a democracia brasileira.

Bia Botana é analista política

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