SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

EDUCAÇÃO E POLÍTICA



Terça-feira 23/03/93

Educação e Política

B. BOTANA

A palavra "educação", ao contrário do que muitos pensam, não resume seu significado ao estudo escolar adotado na erradicação do analfabetismo da sociedade contemporânea. Ela vai muito além desse pueril conceito, pois abrange a ação de desenvolver e aprimorar as qualidades psíquicas, intelectuais, físicas e morais de um ser humano, que se dá através do estímulo que fará despertar suas aptidões naturais, e a orientação delas. segundo os padrões ideais de uma determinada sociedade. Esse processo de adaptação do indivíduo aos usos, costumes e tradições, isto é, à cultura da sociedade em que vive, chama-se "aculturação". A cultura de um povo origina-se nos seus costumes e nas suas manifestações intelectuais, artísticas, religiosas e outras, sobre as quais alicerçar-se-ão as estruturas institucionais políticas, econômicas, sociais, etc. da sociedade.

Como bem podemos observar, é a cultura de um povo que determina a educação de um indivíduo, e não o inverso. A cultura conduz à educação de uma sociedade, dando-lhe um conjunto de caracteres, que estabelecerão uma conduta comum, evolutiva e ordenada, de forma que esta possa sair de seu estado primitivo e adquirir uma situação progressista, constituindo-se uma civilização. Portanto, é impossível falar-se em educação sem que seja considerado o aspecto cultural de uma sociedade.

No Brasil, foi adotada uma política educacional que não levou em conta as diversas culturas regionais do País. Resumiu-se a educação do povo ao mero rabiscar de uma assinatura, quando não fomentou a ilusão de que um sonhado título universitário poderia afastar a ameaça da fome e garantir a sobrevivência. Ledo engano. Cada vez mais vemos jovens formados engrossando a fila dos desempregados, todavia, se careça de mão-de-obra especializada, de artesãos, de técnicos e outros profissionais, que constituem a hierarquia operacional econômica.

O caos econômico do País tem feito com que o comércio se torne a única fonte segura de renda, enquanto a produção é abandonada, ocasionando a escassez de mercadorias, que, para manterem a margem de lucratividade dos produtores, aumentam de preço todos os dias. Não conseguiremos viver só do comércio; mais do que nunca é preciso estimular a produtividade de riquezas, mas para isso é preciso implementar com urgência um novo projeto educacional para o país.

A política educacional de baixo nível, mal direcionada e superficial, dos últimos 50 anos, que desprezou a manifestação cultural espontânea em prol da imposição de parâmetros educacionais importados de países que nada possuem em comum com as raízes brasileiras, resultou numa absurda segregação educacional: dos de privação absoluta, dos medíocres, dos alienados e dos intelectuais elitistas, que representam apenas 1 % da população.

Essa indecência educacional tem sido do interesse da poderosa oligarquia, que na realidade governa o País e continuará governando. Pois é mais fácil dominar milhões de indivíduos estúpidos do que controlar pessoas intelectualmente bem formadas, as quais reivindicarão seus direitos cidadânicos e erguerão os padrões e as leis que regerão a sociedade. É por esse motivo que não haverá tão cedo democracia neste país.

Recente pesquisa da "Folha" constatou quê os eleitores não diferenciam tipos de governos, o que endossa a condição precária de aculturação dos brasileiros. Por essa razão, o plebiscito de 2l de abril está esvaziado, porquanto não se pode perguntar a um povo se deseja mais democracia, quando este não sabe o que é democracia.

O nosso momento atual reflete que não estamos preparados para mudangas democráticas, já que estas não emanam do povo. É preciso primeiro um grande movimento que avive a nossa cultura, para que a civilização brasileira possa nascer e entrar com honra para a história da Humanidade.

 B. Botana é analista político

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