SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

SANTO OU MONSTRO?



Quarta-feira, 28/04/93

Santo ou monstro?

BlA BOTANA

Como acertadament€e o disse Howard Fast "somos tãoo confusos acerca do bem e do mal que alguns homens se tornam santos e outros se tornam monstros". Ao contrário do que se possa pensar, a justiça não foi algo criado por Deus, mas sim pelos seres humanos. A antiga Lei de Talião, "olho por olho, dente por dente", que remonta há tantos milênios, sobrevive até os nossos dias, apesar de todo o evolucionismo civilizatório, estando presente nos mais ínfimos atos cotidianos de cada um de nós.

Quisera podermos construir um mundo que correspondesse ao ideal que temos de justiça, mas, quanto mais buscamos realizá-lo, mais impomos a retaliação. Como poderemos então proceder para mudarmos essa lamentiível condição humana? Jesus nos propôs que "amássemos ao próximo como a nós mesmos', ou que não fizéssemos a este o que não desejamos para nós. Seria a solução perfeita, porquanto essa proposta não fosse tão grandiosamente sobre-humana que, passados quase dois mil anos, ainda não a conseguimos cumprir, além de ter colocado em dúvida o próprio conceito de justiça da humanidade.

O mesmo tem se dado em relação à almejada democracia. Conscientemente, todo cidadão a considera um ideal político-social a ser alcançado e realizado. Entretanto, surpreendemo-nos com a dificuldade enorme de implantá-la em sua pura essência na sociedade, de tal modo que por vezes nos questionamos, devido a nossa incompreensão dos acontecimentos, se ela é um bem ou um mal.

O plebiscito de 2l de abril, mais do que outra coisa, colocou em dúvida a realidade democrática brasileira, e nós nos surpreendemos com a confusão sentida por não sabermos defini-la em termos reais e concluirmos que só possuíamos uma conscientização de um ideal pouco claro e um tanto confuso. Saímos desse plebiscito da mesma forma que entramos: com cruéis dúvidas sobre o futuro do nosso País.

Muitos brasileiros, de uma forrna ou de outra, e com suas convicções próprias, têm tentado contribuir para a construção de um País melhor, todavia a nossa grandiosa "Torre de Babel" se mantém inabalável, porque, apesar de todas essas contribuições, não obtemos uma união, um consenso comum que nos faça parar de caminharmos para direções opostas.

O Brasil, o nosso amado Brasil, torna-se a cada dia que passa um verdadeiro cadinho cultural do mundo, razão de suas idiossincrasias anacrônicas, que a todos confundem e assustam, por revelarem um possível futuro porvir da própria humanidade.

Sabemos que o vitorioso de hoje poderá ser,o grande derrotado de amanhã, que o resultado das urnas plebiscitárias mede na verdade a conscientização política brasileira e revelou absurdas incoerências sofismais. Uma análise acurada desse resultado só poderá ser feita dentro de algum tempo, quando muito do que estava oculto durante as campanhas plebiscitárias se revelar à luz da implensa e da "mídia". Enquanto isso, todo brasileiro sofrerá na carne as conseqüências dramáticas do expirar do governo Itamar. Esses apreensivos momentos finais terão o poder de determinar ou um futuro próximo catastróÍico ou o início de um período construtivo e promissor. Dependendo do resuliado, o presidente poderá passar para a história com a imagem de um santo ou de um monstro. Esse é o ônus para toda pessoa que tem a coragem de se dedicar à política, pois não bastam boas intenções, são necessários também atos firmes e arrojados. Aquele que não deseja esse destino devia pensar antes e, como Sócrates, se abster de envolver-se com as coisas públicas para não macular a sua honra, não obstante, por ironia da vida, tenha sido justarnente a sua omissão cidadânica a causa de sua condenação e morte, na primeira democracia da história.

Bia Botana analista política

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