SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

PIRÂMIDE POLÍTICA




Jornal de Brasília

Sexta-feira 18/3/94

Pirâmide política

BIA BOTANA


Nós chegamos em meados de março e resta pouco tempo até o dia 2 de abril, data que marcará a arrancada da corrida eleitoral. Entretanto, grande parte da sociedade brasileira está alheia a este fato significativo e relevante ao destino da Nação por ignorar os meandros do processo político envolvido.

Nós tentaremos esclarecer esse processo de maneira simples. A sociedade humana sempre estabeleceu-se em camadas de estratificações, graficamente, adquirem forma piramidal, uma tradição que nem maxistas nem contemporâneos sociólogos conseguiram derrubar. Esta pirâmide social alicerça-se na maioria populacional, uma camada que pode ser designada como classe popular. Seguem-se então outras camadas, decrescentes em número e crescentes em status, num processo afunilador de seletividade até o topo da pirâmide, ocupado por líderes detentores do "poder", que comandam a sociedade. Essa mesma idéia é também encontrada nos grupos sociais isolados, seja familiar, religioso, empresarial, sindical, educacional e outros, fragmentos infinitos que espelham a grande pirâmide social.

A pirâmide política guarda a mesma semelhança com esse arquétipo. Fragmentada em pirâmides partidárias, ergue-se de modo geral da seguinte maneira: a base é formada pelos filiados partidários sem cargos eletivos. sucessivas camadas se dispõem segundo o grau de importância dos ocupantes de cargo eletivo, pela ordem: vereadores, prefeitos, deputados estaduais, deputados federais, senadores, governadores e, se for o caso, presidente da República.

As eleições casadas de outubro, para Presidência, Senado, Câmara Federal, governos estaduais e Assembléias Legislativas, esvaziam o topo da pirâmide política, reduzindo-a a três camadas: vereadores, prefeitos e filiados partidários. E nesta última chamada que encontraremos uma grande efervescência, pois é a parir dela que surgem os candidatos a candidatos, que concorrerão às convenções partidárias, ocasiâo em que as bases dos partidos elegem as chapas que concorrerão às eleições populares, definindo os nomes dos reais candidatos.

O sucesso que vislubram os partidos é ocupar o maior número dos cargos eletivos vagos, pois fazer a Presidência da República sem ter maioria no Congresso e dos governos estaduais nada adiantará. A tradição republicana brasileira reza que a minoria, nesses cargos, compromete a governabilidade do País. Por exemplo, muito se fala da virtual eleiçâo de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidêncla.

Não é de admirar que os partidos estejam correndo para estabelecer vantajosas coligações, mesmo que estas não sejam coerentes com as filosofias políticas dos partidos em questão. Não causará surpresa se um dia desses o PSDB anunciar uma coligação com o PPR; afinal, a bandeira da social- democracia parece tremular sobre todos os partidos, assim como podemos prever discursos homogêneos populistas e eleitoreiros.

Eleitores de todo o Brasil, se cuidem! Lembrem-se de que o partido ou a coligação que vencer as eleições será o todo-poderoso de 1995. Diz o ditado: “Cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém”, e é bom seguir a sabedoria popular, já que, pela primeira vez, os partidos ganham importância eleitoral no Brasil.

Bia Botana é analista política

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