SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O VOTO DAS MULHERES




Jornal de Brasília

Quarta-feira 27/4/94

O voto das mulheres

BIA BOTANA

Após longa luta reivindicatória a Constituição de 1934 deu à mulher brasileira o direito a voto, mas o exercício desse direito recém-adquirido foi  solapado com o golpe do Estado Novo e com a Constituição de 1937, que instituiu a ditadura Vargas no País. O sufrágio feminino só viria a ocorrer em 1945, nas eleições à Presidência da República e à Assembléia Constituinte, que elaborou a Constituição de 1946 e assegurou definitivamente o direito político da mulher brasileira.

O Brasil da década de 50 tinha mais de 52 milhões de habitantes, destes 50,16% mulheres. Apesar de serem maioria sua representação no contexto político era ínfimo e se caracterizava por uma mentalidade apolítica. Não obstante, essa geração de mulheres participou de três eleições presidenciais: em 1950 (Getúlio), em 1955 (Juscelino Kubitschek) e em 1960 (Jânio Quadros). Nesse momento histórico pode-se observar o princípio do engajamento político feminino e sua participação ativa nos acontecimentos que antecederam a Revolução de 1964, a qual ceifou esse momento de pleno florescimento político feminino.

Passaram-se mais de duas décadas e a abstinência democrática condenou uma nova geração de mulheres à perpetuação da condição apolítica. Chamadas às urnas presidenciais somente em 1989, então a quinta vez, não tiveram consciência da importância do voto para sua representação política. Naquela ocasião as mulheres eram 50,35% dos 140 milhões de brasileiros, detinham 49% dos quase 76 milhões de eleitores e colaboravam com 35% da força de trabalho do País. O fator novo da integraçâo feminina no mercado de trabalho, entretanto, não dera às mulheres a necessária conscientizaçâo política. A mulher brasileira não conseguira redefinir ainda sua participação no mundo masculino, que até então a excluíra das decisões em seus intrigados mecanismos.

Não foi de admirar que Fernando Collor ganhasse em  peso o voto feminino. As mulheres, motivadas pelo fascinante poder de sedução do candidato, apaixonadas pelo arquétipo do príncipe encantado, derreteram-se, chamando-o de "lindo". Não seria errado dizer que Collor foi eleito por um bando de "tietes" ensandecidas.

Se em 1989 o voto das mulheres foi, sern dúvida; decisivo, o que dizer nessas eleições, quando a massa da população ultrapassa a casa dos 146 milhões de habitantes, com mais de 80 milhões de eleitores, onde a participação crescente do eleitorado feminino confirmará a declinante diferença em relação à parcela masculina?

Ao assumir mais de 50% do eleitorado a mulher torna o seu papel determinante nessas eleições. Mas as mulheres de hoje não são mais as mesmas de 1989. Os acontecimentos recentes as obrigaram a se inteirarem do processo político e suas conseqüências no dia-a-dia; O erro Collor faz buscar o acerto. Atentas, as mulheres brasileiras estão interessadas nos discursos voltados às suas necessidades, estas muito distantes das incongruências masculinas, mais próximas de questões que versam sobre a sobrevivência no mercado de trabalho, preservação da família, criação de filhos, soluções reais para educação, alimentação e saúde.

As mulheres brasileiras da atualidade guerreiam solitárias para perpetuar a existência do povo brasileiro. Como chefes de família não estão mais para besteira, não querem sonhos, mas sim resoluções para a dura realidade em que vivem.

Hoje, com certeza, nós mulheres temos consciência do  poder do nosso voto, capaz de dar ao Brasil um caminho íntegro e honrado. Esta será a hora e a vez da mulher fazer valer a sua cidadania e escrever a história!

Bia Botana é analista política

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