Jornal de Brasília
Quarta-feira, 27/7/94
Elogiar, arte difícil
BIA BOTANA
Denegrir a imagem de alguém é fácil,
basta uma palavra, contudo, ter humildade para reconhecer o êxito de uma pessoa
é uma arte é tão difícil, que nem uma palavra é dita normalmente.
Há poucos dias fui convidada para
escrever o perfil do ministro
Rubens, Ricupero, para uma revista que deverá ser lançada, em circulação
nacional, no próximo mês de agosto. Como pretendia enalteçer seus méritos, de
maneira habilidosa, fui impedida. Todavia, este espaço é tão digno quanto
qualquer outro à realização deste propósito.
Quando falamos de um homem como
Rubens Ricupero, não falamos de uma pessoa comum. Mais assíduo frequentador da
mídia a partir de sua posse como ministro do Meio Ambiente e Amazônia Legal, em
outubro de 1993, sua figura se distinguiu pelo poder moderador com que colocou
um paradeiro num processo nacional que envolveu, em períodos próximos de tempo,
dois problemas delicados na Região Amazônica: o desenvolvimento do projeto de vigilância
da região pelas Forças Armadas e o triste e, ainda obscuro, massacre dos
ianomamis.
Sua habilidade diplomática nata para
contornar problemas delicados, que necessitam de soluções conciliadoras e bem negociadas,
assim como sua inabalável fleuma britânica foram sem sombra de dúvida as
qualidades que o consagraram subatituto perfeito para Fernardo Henrique Cardoso
no Ministério da Fazenda. Só Rubens Ricupero poderia ter corduzido, como
conduz, com plena tranquilidade, a finalização do Plano Real, o lançamento da
nova moeda brasileira e o processo de adequação da economia à nova situação.
Por seus feitos, hoje, o ministro
Rubens Ricupero ganhou notoriedade nacional, contudo, seus serviços prestados à
Nação advém dc longa data. Como embaixador, seu eficiente trabalho desenvolvido
junto ao Gatt (Geeneral Agreement Tarifs and Trade) obteve reconhecimento
internacional. Sua intensa vivência dos problemas que envolverarn a supressão
das barreiras comerciais para auxiliar os países em desenvolvimento, o preparou
para se tornar o candidato natural à presidência da Organização Mundial do
Comércio, o organismo instituído em substituição ao Gatt, após as negociações
estabelecidas na chamada Rodada Uruguai. Um cargo que, pode-se dizer, seja tão
ou mais importante que a cobiçada presidência da República, o qual no caso de
ser ocupado pelo ministro Ricupero trará benefícios incalculáveis ao Brasil,
por este ser o órgão instituído para regular as cada vez mais crescentes
transações comerciais do mundo.
O Brasil é a 8ª economia do mundo,
tem a 5ª maior densidade populacional, em termos de mercado internacional é um
País que tem tudo para se desenvolver e produzir lucratividade. Há muito
deixamos de ser um país do Terceiro Mundo. É certo que temos ainda focos de
subdesenvolvimento, mas comparar o Brasil com países de flagrante atraso econômico,
político e social é uma imagem falsa e distorcida, que só pode servir aos
impatrioas.
A importância do Brasil no contexto
do comércio internacional é indiscutível, nosso País é o mais industrializado
da América Latina, tudo indica que nossa inflação será controlada e permanecerá
em níveis compatíveis com a economia mundial, portanto, tomos todas condições
para ocupar a presidência dá Organização Mundial do Comércio, muito mais que a
Argentina que também deseja o cargo para si.
Se alguém tinha dúvidas a respeito
da capacidade executiva dc Rubens Ricupero, essas, hoje, para grande maioria
dos brasileiros, não existem mais; Ricupero tem se apresentado como
um hábil solucionador de problemas. É um homem como ele que o Brasil precisa para
acelerar seu comércio internacional, um homem elogiável.
Bia Botana é analista política
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