SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A VERDADE MILITAR




Jornal de Brasília

quarta-feira, 15/12/93

A verdade militar

BIA BOTANA

Muito se tem dito e escrito sobre os militares e o atual contexto brasileiro. Já está mais do que na hora de falarmos de maneira franca e sem melindres sobre isso. Em primeiro lugar, é certo que, se for feita uma pesquisa de opinião pública a maioria da população brasileira ficará a favor da volta dos militares ao poder. Não há espanto nisso. Em segundo lugar, os militares da ativa não querem o retorno ao poder; desejam, sim, democracia. Não obstante uma minoria de militares da reserva, "tiranossauros" saudosistas que se esforçam, sonhadores, por um golpe repressor. Em terceiro e último lugar, tanto militares como civis com cabeças pensantes consideram que um povo só aprende a ser democrático com o pleno exercício da democracia. Isso quer dizer que todo cidadão tem direito a expressar livremente sua opinião e defender seus direitos constitucionais democráticos.

A experiência de 20 anos de governo militar não deixou suas marcas dolorosas só nos civis. Os militares sentiram-nas tanto ou mais do que podemos imaginar. A rígida hierarquia e disciplina que os submetem obrigou, na época, muitos a cumprirem ordens e missões contrárias às suas consciências. São esses militares que tiveram, inúmeras vezes, de "cortar na própria carne", como dizem, que hoje ocupam as patentes mais altas das Forças Armadas. Ninguém melhor do que eles sabe avalir o peso oneroso, traiçoeiro e solitário do poder.

Se temos ouvido reclamações contundentes dos militares, isto se deve a dois fatores: injustiça e privilégio, insuportáveis para a reta formação que os forja. Testemunhamos, sim, uma atitude revanchista daqueles que se opuseram ao governo militar. São eles os não menos famosos socialistas de "Bal- lantines" e "Logan". Uma elite muito interessante, que fala muito em direitos sociais, mas jamais, em nenhum momento, abre mão de seus privilégios, mesmo quando alguns de seus integrantes se auto-exilaram em Paris, ou, logicamente, em l.ondres. Adoradores do poder, desde 1985, rondam ambiciosos as cadeiras executivas do Governo. Não há espanto de que esses falsos populistas adotem na prática teorias contrárias às que pregavam no passado com tanto ardor.

Hoje, mais do que nunca, existem injustiça e privilégio. Que o digam os capitães  controladores do descontentamento revoltoso das tropas e os coronéis que seguram firmes as rédeas dos oficiais, disci- plinando e arrefecendo os ânimos rebeldes.

Se há prejuízo atualmente das Forças Armadas, este se deve unicamente à honradez e honestidade da atuação que tiveram durante a elaboração da Carta de 1988,  quando, de maneira desnecessária, mais uma vez cortaram na própria carne em prol da Nação. Em nenhum momento do passado pode-se dizer que os militares locupletaram-se da posição que possuíam. Só por isso já merecem nosso respeito. Mas também souberam reconhecer o erro, buscaram corrigi-lo, infelizmente tarde demais. 

O Brasil, durante seu tratamento, enquanto paciente terminal, sobrevivera, mas adquirira uma infecção corruptiva, cuja cura, agora, depende de uma reação combativa de todas as células de seu corpo.

É essa a verdade militar, o ideário democrático que norteia suas ações, que se sobrepõe aos flagrantes revanchismos, que visam desestabilizar as Forças Armadas e assim enfraquecer o País, que sem soberania se torna presa fácil, submisso e manipulável, dos ladrões da Pátria.

Brasileiros, uni-vos, sigamos o exemplo digno dos militares; lutemos pela democracia com coerência e estratégia. A revolução deve começar dentro de nós. Sem vergonha, sejamos bons cidadãos, elevemos nossa consciência democrática e patriótica. Só assim combateremos definitivamente a coorrupção e veremos chegar o dia da vitória do povo brasileiro.

Bia Botana é analista política e dlretora-geral do Cebrade

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