SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O PACIFICADOR





Jornal de Brasília

Quarta-feira, 25/8/94

O pacificador

BIA BOTANA

Em 25 de agosto de 1803 nascia, no Rio de Janeiro, Luiz Alves de Lima e Silva. Sua memória nos traz a lembrança de um verdadeiio brasileiro. Dedicado ao serviço da Pátria, Duque de Caxias, título com o qual passou para história do Brasil, se tornou um arquétipo da vontade férrea e foi adotado como alcunha popular, que define um "Caxias" como alguém cumpridor fiel e inabalável dos deveres.

Símbolo de nacionalidade, a brasilidade de Caxias consagrou-se na luta pela consolidação da independência e como assegurador da unidade e da paz nacional. Contudo, seu lado mais humano não se revelou nos campos de batalha ou como ministro da Guerra, mas sim no seu exercício político tão pouco divulgado. Admirado e reconhecido no seu caráter, no respeito à lei e ordem e seu culto pelos valores nacionais, o cidadão Luiz Alves de Lima e Silva não só foi presidente do Conselho de Ministros por tr€ês vezes como também deputado pelo Maranhão, senador pelo Rio Grande do Sul e conselheiro de Estado.

Como cidadão reconhece-se em Caxias uma brilhante integridade, que significa dizer a verdade, cumprir as promessas e assumir a responsabilidade pelos erros cometidos, uma questão de ser o que se alega ser, de fazer o que se diz que fará. Tal comportamento incomum no meio político trouxe a Caxias os maiores sofrimentos motivados pela sordidez dos embates políticos e a conquista de inimigos gratuitos. A mesquinharia, a maldade e a intriga que vicejam no campo político se revelaram a Caxias mais letais que o fio da espada e mais poderosas que as armas de fogo de seus adversários no campo de batalha.

A luta política de Duque de Caxias foi tão grandiosa quanta a desempenhada na área militar, entretanto, esta não o cobriu de glória nem lhe rendeu os louros da vitória, todavia, o transformou num exemplo único de lealdade à Nação, mesmo nos momentos que esta não lhe foi reconhecida, um exemplo aliás que deveria nos servir.

Caxias, o pacificador, sempre deverá ser lembrado, jamais esquecido. Neste momento tão importante ao País, cada um de nós brasileiros deveríamos incorporar uma pequena chama que fosse de seu espírito conciliador e com a mesma coragem lutar pelo Brasil.

A vitória do Tetra (Copa do Mundo) e a estabilidade oferecida pelo real (nova moeda brasileira) deram início a um momento de reversão nacional para a reconquista da auto-estima brasileira. As próximas eleições poderão consolidar este sentimento se formos "Caxias" e nos conscientizarmos da importância da integridade do nosso voto, onde uma escolha bem pensada, evitando que o voto seja um instrumento de barganha e comércio, poderá também reverter o quadro político nacional.

Neste momento é preciso valorizar sobretudo a nossa participaçâo como cidadãos quanto ao destino do País, sermos capazes de colocar a Nação acima das nossas aspirações pessoais e pensarmos que o bem de muitos vale mais que o benefício de alguns poucos. Se é preciso, façarnos todos um sacrífico, pois não é hora mais de defesa de privilégios isolados.

Nada teremos a temer por adotar o exemplo de Duque de Caxias, ao contrário, só ganharemos se agirmos como pacificadores usando nossa cidadania como deve ser usada, não só na sua condição de direitos e reivindicações, mas também quanto aos deveres implícitos. Como Caxias, é o tempo de cumprirmos nossos deveres para com a Pátria, mais do que nunca devemos servi-la e reerguê-la com um trabalho incansável e íntegro. A cidadania não foi feita para ser negociada, mas sim para ser vivenciada, esse é o legado que Caxias nos deixou, vamos honrá-lo.

Bia Botana é analista política

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