SEMENTES

Bem Vindos!

Sempre pensei que escrever é semear idéias.
Aqui vocês encontrarão as sementes que eu já plantei,
que germinaram, cresceram, deram flores e frutos.

Esse Blog é a semente dos frutos colhidos há muito tempo,
elas dormiram na escuridão por longos anos
e agora
eu estou a semeá-las novamente...,
para germinarem, crescerem, florescerem...
e um dia darem seus frutos.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

ENERGIA NUCLEAR II




Quarta-feira, 22/9/93

Energia Nuclear II

BIA BOTANA

A ausência da tradicional parceria externa, aliada à inexperiência na administraçâo de uma economia em desenvolvimento. Lançou o Brasil ao assédio de constantes crises sociais propícias à oportuna ameaça comunista. A convulsão político-social alcançou seu ápice em 1964. Os EUA abandonaram a sua cômoda indiferença, sua hábil intervenção diplomática. em apoio ao jovem empresariado emergente, ansioso por poder, determinou o alinhamento incondicional do Brasil aos EUA, em troca de milhares de dólares destinados a programas de recuperação econômica. Esse novo período de parceria com os EUA caracterizou-se por obras colossais de engenharia. que enriqueceram as crescentes firmas empreiteiras, originárias da construção de Brasília, mas afastou os investimentos em pesquisas para a adoção de tecnologia própria, enquanto a modernização do parque industrial se dava por nova leva de importação de máquinas estrangeiras. A dívida externa engrandecia. Se no passado o jugo da Libra trouxe a inflação dos Réis (moeda do Brasil Imperial) para atender à ganância da oligarquia do café, chegava o tempo do jugo do Dólar e com ele a inflação do Cruzeiro (moeda do Brasil Republicano).

No ano de 1970. o surgente imperialismo norte-americano se faz sentir no Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), que constituiu a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) como orgão absoluto de salvaguarda do desenvolvimento nuclear mundial, adverso à transferência de tecnologia e francamente protecionista de uma reserva de mercado para os países com tecnologia nuclear, com o fim alegado de estabelecer parâmetros estritamente pacíficos às pesquisas atômicas. O Brasil, num rasgo de insubordinação, é um dos países que não assinam esse tratado desigual.

O embargo do petróleo pela OPEP em 1973 acirrou a corrida nuclear, única solução à continuidade futura do capitalismo industrial. Pressionado pelos EUA, o Brasil compromete vasta área do seu solo fértil e produtivo com a gigantesca hidrelétrica de Itaipu. Não obstante, o Brasil criou em 1974 a Nuclebrás e em 1975 estabeleceu um vultoso programa de cooperação nuclear com a Alemanha. Seguindo o velho esquema colonial, o acordo tornaria o Brasil apto para dominar o ciclo de produção nuclear em troca do fornecimento de urânio, só que o tratado ardiloso impedia o Brasil de enriquecer urânio e processar combustível sem autorização da Alemanha. Em busca de novas soluçôes para vencer a crise petrolífera, a Petrobrás assina "contratos de risco" com empresas estrangeiras, os mesmos repudiados em 1953, enquanto coloca em prática um programa de tecnologia nacional, o Proálcool, que supre temporariamente a carância de cornbustível, mas ocasiona problemas sociais que só serão sentidos na década de 80.

A parceria com os EUA é rompida em 1977, o Brasil está só. São feitos investimentos em pesquisas nucleares altamente secretas. Os resultados chegam a partir de 1980, e, apesar do canhestro acordo com a Alemanha, ocorre a fissão nuclear na usina de Angra I, que será inaugurada em 1983. O domínio completo do enriquecimento de urânio com tecnologia própria é alcançado em 1985. Logo depois, em 1988, duas subsidiárias da Nuclebrás são privatizadas.

O sucesso do programa nuclear prova que mais importante do quê a compensação financeira advinda da exportação da matéria-prima é a criação de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento de tecnologia que permita o processamento local e um lucro de 100%, em vez dos 5% ou 10% obtidos com a exportação.

Está aí o "X" da questão. Tanto quanto a cibernética e a informática, a energia nuclear é o passaporte para o futuro. O Brasil, com grande esforço, conseguiu o seu passaporte, tem matéria-prima e tecnologia. Agora, querem impedir que cheguemos lá, querem um Brasil sempre colônia. Está na hora de repensarmos a nossa independência. Afinal, acreditamos ou não em nós?

Bia Botana é analista política

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